Mudanças entre as edições de "Dago:prof.aposentados do im"
(Nova página: ;Objetivo: Listar antigos professores do Instituto de Matemática visando contribuir para acervo histórico. ==Diretores== * Prof. ARI NUNES TIETBOHL, 1959 * Prof. ANTONIO RODRIGUES, ...) |
(→SEGUNDA FASE) |
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==Diretores== | ==Diretores== | ||
− | * Prof. | + | * Prof. ARY NUNES TIETBOHL, 1959 |
− | * Prof. | + | * Prof. ANTÔNIO RODRIGUES, 1960-1963 [http://www.mat.ufrgs.br/~portosil/rodrig.html] |
− | * Prof. MANOEL LUIS DA SILVA NETO, 1964-1966 | + | * Prof. MANOEL LUIS DA SILVA NETO<ref>http://palazzo.pro.br/hist/10anosCPD.htm</ref>, 1964-1966 |
* Prof. ERNESTO BRUNO COSSI, 1967-1969 | * Prof. ERNESTO BRUNO COSSI, 1967-1969 | ||
* Prof. DAVID MESQUITA DA CUNHA, 1970 | * Prof. DAVID MESQUITA DA CUNHA, 1970 | ||
* Prof. HERBERT GUARINI CALHAU, 1971-1972 | * Prof. HERBERT GUARINI CALHAU, 1971-1972 | ||
* Prof. ERNESTO ALFREDO PREUSSLER, 1973-1976 | * Prof. ERNESTO ALFREDO PREUSSLER, 1973-1976 | ||
− | * Prof. JOSE DE OLIVEIRA FORTUNA, 1974 | + | * Prof. JOSE DE OLIVEIRA FORTUNA<ref>http://palazzo.pro.br/hist/10anosCPD.htm</ref>, 1974 |
* Prof. JAPIR DO CARMO, 1977-1978 | * Prof. JAPIR DO CARMO, 1977-1978 | ||
* Prof. CARLOS AUGUSTO CRUSIUS, 1979-1980 | * Prof. CARLOS AUGUSTO CRUSIUS, 1979-1980 | ||
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* Profª. ELSA CRISTINA DE MUNDSTOCK, 2001-2004 | * Profª. ELSA CRISTINA DE MUNDSTOCK, 2001-2004 | ||
* Prof. RUDNEI DIAS DA CUNHA, 2005 | * Prof. RUDNEI DIAS DA CUNHA, 2005 | ||
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+ | ==Início do Bacharelado== | ||
+ | Duração de 3 anos. Após um ano adicional de disciplinas de Didática, obtinha-se o diploma de Licenciado. | ||
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+ | Disciplinas: | ||
+ | # Análise: Prof. Ary Nunes Tietböhl | ||
+ | # Geometria e Topologia: Prof. Antônio Rodrigues | ||
+ | # Equações Diferenciais: Prof. Cayoby Vieira de Oliveira (egresso da UFRGS) | ||
+ | # Geometria Projetiva: Prof. Luiz Leseigneur de Faria (Engenharia) | ||
+ | # Mecânica Racional: Prof. Carlos Carvalho Schmidt (Engenharia) | ||
+ | # Física Matemática: Prof. Antônio E. P. Cabral (egresso do curso de Física) | ||
+ | # Física Geral: Prof. João Simões da Cunha (Engenharia) | ||
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+ | ==UM POUCO DA HISTÓRIA DO INSTITUTO DE MATEMÁTICA DA UFRGS== | ||
+ | Esta é uma versão wiki do texto [http://www.mat.ufrgs.br/historia_taitelbaum_brietzke.pdf] | ||
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+ | :Prof. Aron Taitelbaum | ||
+ | :Prof. Eduardo Brietzke | ||
+ | ===ORIGENS=== | ||
+ | Como o título indica, não faremos aqui um estudo metódico e científico da história do Instituto de Matemática. Abordaremos alguns tópicos escolhidos arbitrariamente. | ||
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+ | A Matemática na UFRGS teve três origens principais: a Escola de Engenharia, a Faculdade de Filosofia e o Centro de Pesquisas Físicas. | ||
+ | ====A Escola de Engenharia==== | ||
+ | A Escola de Engenharia da UFRGS foi fundada em 11 de agosto de 1896. A Matemática ensinada era influenciada pela doutrina positivista da Escola Militar do Rio de Janeiro. Eram usados os textos “Geometria Algébrica” e “Cálculo Infinitesimal” do Marechal Trompowsky, antigo professor daquela escola. Esses textos usavam a noção de infinitésimos. Mais tarde, o Prof. Tietböhl introduziria a técnica de limites. Em 1936, as disciplinas de Matemática da Escola de Engenharia eram: Cálculo, Geometria Analítica, Geometria Descritiva e Mecânica Racional. | ||
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+ | Em 1952, atendendo a solicitações de professores que desejavam uma disciplina matemática mais voltada aos problemas da Engenharia, o Prof. Manoel Luís da Silva Neto criaria a disciplina “Cálculo Numérico, Gráfico e Mecânico”, hoje, Cálculo Numérico, o que foi, na ocasião, uma atitude pioneira no Brasil. Vários assistentes dessa disciplina tornaram- | ||
+ | se, posteriormente, docentes do Instituto de Matemática (Oswaldo Paim, Pedro Nowosad, David Martins, Penido Fontoura da Silva, Álvaro Hoffmann, Cláudio Marques). | ||
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+ | ====Faculdade de Filosofia da UFRGS==== | ||
+ | Em 1943, foi criado o curso de Bacharelado e Licenciatura em Matemática na Faculdade de Filosofia a UFRGS. Em 1934, havia sido fundada a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP). Esta muito se beneficiou com a vinda de cientistas europeus, principalmente italianos, que fugiam dos regimes fascistas, | ||
+ | então no poder. Entre eles não podemos deixar de citar Luigi Fantapié, que teve profunda influência na Matemática brasileira. O Prof. Ary Nunes Tietböhl, já então professor da Escola de Engenharia, havia sido enviado para estudar Matemática na USP. Seu retorno, acompanhado do Prof. Antônio Rodrigues, que fora seu colega na USP, para lecionarem no curso de Matemática da Filosofia da UFRGS, fez com que essa influência benéfica se exercesse também aqui. | ||
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+ | O curso de Bacharelado tinha a duração de 3 anos e com ele já se podia lecionar na Universidade. Após um ano adicional de disciplinas de Didática, obtinha-se o diploma de Licenciado. | ||
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+ | Estudavam-se as seguintes matérias: | ||
+ | # Análise: Prof. Ary Nunes Tietböhl | ||
+ | # Geometria e Topologia: Prof. Antônio Rodrigues | ||
+ | # Equações Diferenciais: Prof. Cayoby Vieira de Oliveira (egresso da UFRGS) | ||
+ | # Geometria Projetiva: Prof. Luiz Leseigneur de Faria (Engenharia) | ||
+ | # Mecânica Racional: Prof. Carlos Carvalho Schmidt (Engenharia) | ||
+ | # Física Matemática: Prof. Antônio E. P. Cabral (egresso do curso de Física) | ||
+ | # Física Geral: Prof. João Simões da Cunha (Engenharia) | ||
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+ | A Faculdade de Filosofia da UFRGS fora inspirada na sua homônima da USP e congregava diversos cursos, entre os quais Matemática, Física, Química, História Natural, História, Geografia, Letras, Filosofia, Jornalismo, Ciências Sociais e Arte Dramática. Era uma mini universidade. | ||
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+ | ====Centro de Pesquisas Físicas==== | ||
+ | Em 1951, sendo presidente Getúlio Vargas, foi criado o CNPq | ||
+ | (Conselho Nacional de Pesquisas) pelo Almirante Álvaro Alberto, de acordo com a idéia de que um país soberano e independente deveria estimular o surgimento de cérebros e de idéias inovadoras. | ||
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+ | O CNPq constituiu dois órgãos, ambos no Rio de Janeiro: o IMPA | ||
+ | (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), cuja influência em nosso Instituto será comentada mais adiante, e o CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas). O CBPF havia sido fundado em 1949 e o IMPA nasceu dentro do CBPF. | ||
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+ | Um dos primeiros diplomados do curso de Física da Faculdade de Filosofia da UFRGS, Antônio Estevam Pinheiro Cabral, foi estagiar no CBPF, onde teve a oportunidade de trabalhar com o famoso físico brasileiro César Lattes, um dos descobridores do méson pi. Ao retornar à UFRGS, entusiasmado, teve a idéia de criar uma entidade que funcionasse nos mesmos moldes que o CBPF. Em 13 de setembro de 1953, foi fundado o Centro de Pesquisas Físicas (CPF) da UFRGS. Dentre suas divisões, havia uma divisão de Matemática. A divisão de Matemática do Centro de Pesquisas Físicas da UFRGS foi um local onde vários jovens egressos do curso de Matemática e alguns da Engenharia, | ||
+ | que haviam sido convidados para lecionar na Universidade, tiveram a oportunidade de se dedicar ao estudo de tópicos novos, tais como, por exemplo: Álgebra Abstrata, Topologia dos Espaços Métricos, Topologia Geral, Álgebra Linear, Análise Funcional, Espaços Vetoriais Topológicos, Teoria da Medida e da Integração, Teoria das Probabilidades e Estatística Matemática. O estudante de final de Bacharelado e de pós-graduação de hoje reconheceria nesta lista tópicos que normalmente fazem parte dos currículos atuais, mas é importante que se diga que na época esses tópicos eram desconhecidos entre nós. Desta forma, foi forjada uma geração de professores, responsáveis por introduzir em nosso meio o estudo dessas disciplinas. | ||
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+ | Vale mencionar também que em novembro de 1952 foi realizada em Porto Alegre a reunião anual da SBPC, à qual compareceram alguns dos maiores matemáticos brasileiros da época, como, por exemplo, Leopoldo Nachbin (do IMPA), Chaim Samuel Hönig (da USP), Maurício Peixoto (do IMPA), Cândido Dias (da USP) e Charles Ehresman (França). | ||
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+ | Aqueles que na época eram estudantes são unânimes em afirmar que esta foi uma ocasião especial, que serviu para abrir e alargar os horizontes matemáticos. | ||
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+ | Fizeram parte do Centro de Pesquisas Físicas alguns nomes que, | ||
+ | mais tarde, seriam docentes do Instituto de Matemática: Ernesto Bruno Cossi, Francisca Torres, Maria Isaura de Mattos Paim, Martha Blauth Menezes e Matilde Groisman Gus. | ||
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+ | ===PRIMEIRA FASE DO INSTITUTO DE MATEMÁTICA=== | ||
+ | O Instituto de Matemática da Universidade do Rio Grande do Sul foi criado em 9 de março de 1959, mediante convênio entre o Ministério da Educação e Cultura e a Universidade do Rio Grande do Sul, através da COSUPI (Comissão Supervisora do Plano dos Institutos) órgão que surgiu para executar a meta n° 30 da Presidência da República, sob o tema "Educação para o Desenvolvimento". O Instituto de Matemática foi criado com a finalidade de dedicar-se à pesquisa em Matemática. | ||
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+ | Abaixo transcrevemos a portaria de criação. | ||
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+ | Portaria n° 116 de 9 de março de 1959 | ||
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+ | O Reitor da Universidade do Rio Grande do Sul no uso das atribuições que lhe confere o Estatuto, tendo em vista o que consta do processo n° | ||
+ | 3359/57, da Reitoria, "ad referendum" do Conselho Universitário, | ||
+ | ;RESOLVE: | ||
+ | :Art 1° - Fica criado o Instituto de Matemática, órgão de natureza científica, autônomo, diretamente subordinado à Reitoria da Universidade do Rio Grande do Sul. | ||
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+ | :Art 2° - O Instituto de Matemática reger-se-á pelo Estatuto da Universidade e pelo Regimento que com este baixa. | ||
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+ | :Art 3° - Revogam-se as disposições em contrário. | ||
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+ | :Ass: Elyseu Paglioli | ||
+ | ::Reitor | ||
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+ | O Instituto de Matemática da UFRGS foi criado no espírito desenvolvimentista do Governo Juscelino no final da década de 50. | ||
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+ | Constitui-se, no Ministério da Educação, a Comissão Supervisora do Plano dos Institutos (COSUPI) com a finalidade de criar instituições dedicadas à pesquisa científica e tecnológica, nos moldes dos já existentes CBPF e IMPA no Rio. | ||
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+ | Em nossa Universidade, surgiram os Institutos de Matemática e Física. Foi seu primeiro diretor o saudoso Prof. Ary Nunes Tietböhl, e era formado por três divisões: Matemática Pura, chefiada pelo Prof. Antônio Rodrigues, Matemática Aplicada, chefiada pelo Prof. Cayoby Vieira de Oliveira e Ensino, chefiada pelo Prof. Ernesto Bruno Cossi. Sua primeira sede foi num apartamento na esquina da Av. André da Rocha com a Av. João Pessoa, mas, ainda em 1959, instalou-se em um sobrado, localizado na Av. Venâncio Aires, nº 127, onde permaneceu até 1965. | ||
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+ | Em 1966, o então diretor, Prof. Manoel Luiz da Silva Neto, trouxe o Instituto para o campus central, no 3º andar do Instituto Parobé, na Av. Sarmento Leite, 425, situando-se ao lado do Departamento de Matemática da Faculdade de Filosofia, onde funcionavam os cursos de Licenciatura e Bacharelado em Matemática. De 1959 a 1970, o Instituto dedicou-se exclusivamente às atividades ligadas à pesquisa e à | ||
+ | formação de pesquisadores. O ensino de graduação era atividade dos departamentos (ou setores) de Matemática das diversas escolas e faculdades (Filosofia, Engenharia, Ciências Econômicas, Arquitetura, Agronomia e Veterinária) e funcionavam de forma totalmente independente. | ||
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+ | Após um período inicial de intensa atividade, no qual diversos cursos foram ministrados por professores locais e estrangeiros, houve um arrefecimento, devido a diversas razões, uma das quais a total falta de apoio financeiro por parte do regime implantado em 1964, então em sua fase recessiva. | ||
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+ | Durante esse período inicial, alguns membros do Instituto foram enviados a instituições do país e do exterior para cursos de mestrado e doutorado, entre eles Pedro Nowosad, Sílvio Machado, João Bosco Prolla, Roberto Ribeiro Baldino e José Francisco Porto da Silveira. | ||
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+ | Vieram professores de fora que deram cursos e conferências. O professor Élon Lages Lima (IMPA) ministrou, em 1960, um curso sobre variedades diferenciáveis, que resultou num livro, publicado pelo Instituto. O Prof. Mitio Nagumo, da Universidade de Osaka, Japão, | ||
+ | desenvolveu um curso de Análise Funcional, que foi publicado pelo Instituto, em dois volumes, sob o título “Introdução à Teoria dos Espaços de Banach. Durante sua permanência, Mitio Nagumo orientou o Prof. Ernesto Bruno Cossi, em um trabalho de pesquisa que resultou na publicação de dois artigos na Revista da Academia Brasileira de | ||
+ | Ciências: “ A Note on Closed Linear Operators” e “A New Norm on Banach Spaces”. São, provavelmente, as primeiras publicações de pesquisa de um docente do Instituto. Foi, também, durante esse período, que o Prof. Rodrigues, quando diretor do Instituto, efetuou a aquisição de uma considerável quantidade de livros, que tornaram a Biblioteca do nosso Instituto de Matemática uma das melhores do País. | ||
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+ | Em 1969 a conjugação do assim chamado “milagre econômico brasileiro” com o problema dos alunos excedentes levou ao aumento do número de vagas nas universidades públicas. Nessa ocasião, verbas adicionais permitiram que o Instituto (cujo diretor era o Prof. Ernesto | ||
+ | Bruno Cossi), num trabalho conjunto com o Departamento de Matemática da Faculdade de Filosofia (cujo chefe era o Prof. Cayoby Vieira de Oliveira), arregimentasse um grupo de estudantes do Curso de Matemática com bolsas de monitoria e iniciação científica, para que se dedicassem integralmente ao estudo, propiciando também o espaço físico para essas atividades. À medida que concluíam o curso, esses alunos saíram em 1971, 72 e 73 para fazerem pós-graduação, a maioria do IMPA Esse processo de arregimentação foi comandado e inspirado pelo Prof. Roberto Baldino, que concluíra seu mestrado no IMPA, | ||
+ | passara um período na Universidade de Stanford e retornara à UFRGS no final de 1967, permanecendo aqui por 2 anos, durante os quais, orientou vários alunos do Bacharelado. Em 1969, o Prof. Baldino ministrou a disciplina de Álgebra I para os calouros, conseguindo com seu entusiasmo e dedicação, atraí-los para a iniciação científica em | ||
+ | Matemática. Nessa época as aulas do Curso de Matemática funcionavam quase que exclusivamente pela manhã. À tarde as salas ficavam vazias. | ||
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+ | Com as bolsas de iniciação científica e de monitoria, passou a haver intensa atividade também à tarde. Os alunos criaram o hábito de permanecer o dia todo nas dependências do Instituto, dedicando-se ao estudo, recebendo todo apoio em termos de infraestrutura do Instituto de Matemática e do Departamento de Matemática da Faculdade de Filosofia. | ||
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+ | Também por influência do Prof. Baldino, esse grupo de alunos passou a freqüentar os cursos de verão no IMPA. Esses hábitos adquiridos pelos alunos foram sendo transmitidos às gerações seguintes. Quando o Prof. Baldino foi concluir seu doutorado no Rio de | ||
+ | Janeiro em 1970, o trabalho prosseguiu sob a orientação das professoras Maria Isaura Paim, Matilde Groisman Gus e Carmen Sílvia Fagundes. Esse grupo forneceu a massa crítica para o desenvolvimento posterior e dele saíram vários docentes do Instituto. | ||
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+ | Um momento importante em que a UFRGS e, em especial, o Instituto de Matemática exerceram um importante papel foi quando da criação do Curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina. Dentre os professores fundadores do Curso o Instituto de Matemática contribuiu com os Professores Antônio Rodrigues e Ary | ||
+ | Nunes Tietböhl, bem como com o primeiro diretor, o Prof. Ernesto Bruno Cossi. | ||
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+ | ====SEGUNDA FASE==== | ||
+ | Em outubro de 1970, o Instituto sofre uma profunda modificação. | ||
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+ | Como resultado da reforma universitária de 1968, é criado pela portaria n° 896 da Reitoria da Universidade o novo Instituto de Matemática, com novas atribuições e características, constituído de dois departamentos: o de Matemática Pura e Aplicada e o de Estatística. Anteriormente havia professores de Matemática e Estatística espalhados pelas várias escolas e faculdades. Com a reforma, os professores dos departamentos de | ||
+ | Matemática das diversas escolas e faculdades passam para os quadros do Instituto de Matemática. O ensino das disciplinas de Matemática e | ||
+ | Estatística de toda a Universidade passa a ser atribuição do Instituto de | ||
+ | Matemática. A reforma promoveu a passagem de uma universidade estruturada como uma “confederação” de escolas e faculdades para uma universidade estruturada a partir de departamentos. | ||
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+ | Conforme relata o Prof. Carlos Augusto Crusius, o Departamento de Estatística, assim, não foi criado a partir de um núcleo de ensino e/ou pesquisa do qual se pudesse considerar “sucessor”. Isso explica certos aspectos curiosos que cercaram suas reuniões iniciais, em que os docentes necessitaram apresentar-se uns aos outros já que, em grande parte, ainda não se conheciam pessoalmente. | ||
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+ | Numa primeira reunião estiveram representados os três grupos de docentes que atuavam em disciplinas com conteúdos de Estatística e que seriam lotados no novo departamento: o grupo da Medicina, o da Agronomia e o da Economia e Sociologia. O primeiro foi representado pelo Prof. Edgar Mário Wagner que lecionava conteúdos de Estatística em disciplinas da área médica; o segundo, representado pelo Prof. Rubem Markus, professor de Estatística para os cursos de Agronomia e Veterinária. Já o terceiro grupo, bem mais numeroso, era de docentes que lecionavam Estatística na antiga Faculdade de Ciências Econômicas (que abrigava os cursos de Ciências Econômicas, Contábeis, | ||
+ | Administração e Ciências Atuariais) e nos cursos de Sociologia do antigo | ||
+ | Instituto de Filosofia, do qual faziam parte os Professores Herbert Guarini Calháu (que seria diretor do Instituto de Matemática); José Carlos Grijó (que seria o primeiro chefe do Departamento de Estatística); Sergio Mariani; Nelson Emilio Michel, Gustavo Rossi Sola e Carlos Augusto Crusius. | ||
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+ | A natureza singular do processo de formação do Departamento de Estatística iria, é claro, moldar a sua natureza inicial como a de um departamento voltado fundamentalmente à Estatística Aplicada, cujos docentes possuíam formação amplamente multidisciplinar. De fato, da formação original apenas dois docentes (os professores Calháu e Grijó) possuíam bacharelado específico em Ciências Estatísticas, sendo os demais graduados em outras áreas, todos com forte treinamento (em grande parte dos casos, com pós-graduação strictu sensu) em métodos quantitativos. Não é de surpreender, portanto, que disciplinas altamente especializadas para determinadas carreiras: como é o caso de | ||
+ | Econometria e Modelos Econométricos, para o curso de Ciências Econômicas – terem sido localizadas no Departamento. Como não surpreende, igualmente, a importante colaboração que o Departamento pôde prestar, desde seu início, à pesquisa e ao ensino de pós-graduação na UFRGS. | ||
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+ | A característica de um departamento que privilegiava, pela sua composição docente, a multidisciplinariedade na aplicação dos métodos estatísticos, fez com que aumentasse rapidamente a demanda por disciplinas de estatística aplicada nos mais diversos cursos, o que levou a que os docentes do Departamento, pelo menos nos primeiros anos, | ||
+ | trabalhassem com sobrecarga didática por vezes impressionante. Tal situação, felizmente, modificou-se no decorrer do tempo com a incorporação de novos docentes, muitos deles oriundos do nosso | ||
+ | Bacharelado em Estatística, que foi criado em 1978. Enfatizando não só | ||
+ | o crescimento numérico mas - e principalmente - a qualificação de seus docentes, o Departamento de Estatística não tardaria a chegar, enfim, à sua maturidade acadêmica. | ||
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+ | A reforma, a partir de 1971 confrontou o Instituto de Matemática com uma situação traumática. Uma tarefa extremamente difícil recaiu sobre os ombros do Prof. Ernesto Preussler, então diretor do Instituto de Matemática e do Prof. Manoel Luiz da Silva Neto, chefe do Departamento de Matemática Pura e Aplicada. Professores com as mais diversas origens passam a conviver dentro de um mesmo departamento. Com a excessão de uns poucos que preferiram permanecer em suas escolas e faculdades de origem, o Instituto de Matemática recebeu todos os professores que lecionavam disciplinas de | ||
+ | Matemática ou Estatística na Faculdade de Filosofia, Escola de Engenharia, Faculdade de Ciências Econômicas, Faculdade de Arquitetura, Escola de Agronomia e Veterinária, Escola de Geologia e Faculdade de Farmácia. De uma hora para a outra o Departamento de | ||
+ | Matemática Pura e Aplicada passa a atender a mais de 5000 alunos. | ||
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+ | Essa carga didática absorve totalmente os docentes do Departamento. | ||
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+ | De 1970 a 1976 o Instituto dedica-se, quase que exclusivamente, ao ensino de graduação. A partir de 1976, aqueles monitores e bolsistas arregimentados em 1969, começam a retornar, após concluírem seus mestrados e doutorados. Aproximadamente 20 docentes do atual Instituto são originários desse grupo. Com a contratação adicional de mais pesquisadores, as atividades relacionadas com a pesquisa ressurgem, e em 1978 é criado o curso de Mestrado em Matemática. | ||
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+ | Ainda em 1978 surge o Bacharelado em Estatística. Essa expansão de atividades faz com que o 3º andar do Parobé se torne acanhado para abrigar o Instituto. | ||
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+ | Em 1985, sendo diretor o Prof. Luiz Severo Panta, o Instituto se transfere para sua atual sede no Campus do Vale. Em 1990 é criado o Bacharelado em Matemática Aplicada e Computacional, como resultado do surgimento de um grupo de pesquisadores nessa área, cujo desenvolvimento leva ao surgimento, em 1994, do Mestrado em Matemática Aplicada. A partir da iniciativa pioneira dos professores Antônio Ribeiro Jr. e Joana de Oliveira Bender, nos anos 60, forma-se, também, um grupo de docentes preocupados com as questões do ensino da Matemática que, ao longo dos anos, iria revitalizar o Curso de Licenciatura e aproximar o Instituto do ensino médio. Em 1995 cria-se a opção do curso noturno de Licenciatura em Matemática, atendendo a uma antiga aspiração dos estudantes. Recentemente o desenvolvimento deste grupo, contando com a colaboração de docentes das área de Matemática Pura e Aplicada, conduziu à elaboração do Projeto de Mestrado Profissionalizante em Ensino de Matemática. | ||
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+ | O desenvolvimento da pesquisa em Matemática leva à criação do Doutorado em Matemática em 1995. | ||
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+ | O Programa de Pós-graduação em Matemática da UFRGS foi criado em 1978 por um grupo de quatro professores: Miguel Angel Ferrero, Marcos Arturo Sebastiani Artecona, Luiz Severo Panta e Artur Oscar Lopes. Estes pesquisadores cobriam respectivamente as áreas de Álgebra, Singularidades de Aplicações, Física Matemática e Sistemas | ||
+ | Dinâmicos. | ||
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+ | Na fase inicial do programa foi fundamental o apoio dado pelo Prof. Gerhard Jacob, titular da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Foi também importante o apoio oferecido pelo DMPA, na época chefiado pelo Prof. Clóvis Vilanova, quando foi pela primeira vez estabelecida de maneira regular a redução de carga docente para atividades de pesquisa. | ||
+ | |||
+ | O número de docentes do programa aumentou rapidamente com a absorção principalmente de doutores oriundos do IMPA, mas também de alguns formados no exterior. | ||
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+ | O programa inicialmente concedia apenas o grau de mestre em Matemática, tendo o Doutorado em Matemática sido criado em 1995. | ||
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+ | Um grande número dos atuais docentes no Programa de Pós-graduação em Matemática, do Programa de Pós-graduação em Matemática Aplicada e do Departamento de Matemática Pura e Aplicada da UFRGS foram estudantes deste programa. Muitos dos ex-alunos do programa fizeram posteriormente doutorado em outras instituições do País e exterior. O programa foi de fundamental importância para a formação de recursos humanos em Matemática e Matemática Aplicada em nossa Universidade. | ||
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+ | Muitos dos mestres formados neste estágio inicial do programa foram contratados por diversas instituições de Ensino Superior no nosso estado. Em geral, em função de sua competência, estes professores são figuras de destaque em suas atividades universitárias e têm colaborado de maneira fundamental para o aperfeiçoamento do ensino da Matemática em todos os níveis no Rio Grande do Sul. Muitos destes docentes participam do ensino dos cursos de licenciatura em Matemática de suas respectivas. | ||
+ | |||
+ | Em 1985 o programa se transferiu, junto com o próprio instituto, para o Campus do Vale, onde finalmente pode se obter condições adequadas de espaço físico para as diversas atividades de docência e pesquisa. A biblioteca adquiriu um espaço adequado ao volume de livros e periódicos do seu acervo, os docentes tiveram salas de trabalho compatíveis com as suas atividades, as salas de aulas eram mais bem projetadas para as atividades docentes do que as do prédio anterior. | ||
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+ | As atividades de pesquisa no programa ao longo dos anos foram crescendo e se diversificando. Em 1995 o programa foi desmembrado, tendo sido criado o Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada desta Universidade. Já em 1990 havia sido criada a ênfase em Matemática Aplicada e Computacional, no curso de Bacharelado em | ||
+ | Matemática, uma iniciativa dos professores Júlio Ruiz Claeyssen, Mark | ||
+ | Thompson, José Francisco Porto da Silveira e Oclide José Dotto. | ||
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+ | Foram precursores do Programa de Matemática Aplicada os | ||
+ | Professores Júlio César Ruiz Claeyssen e Mark Thompson, quando ainda inseridos entre os orientadores do Programa de Pós-Graduação em | ||
+ | Matemática. | ||
+ | |||
+ | Vários estudantes desse programa ou mantiveram vínculo com o grupo de Matemática Aplicada, durante período de treinamento de doutorado, ou retornaram ao convívio com o grupo, depois de passar períodos como docentes em outras instituições acadêmicas. Com a efetivação de várias novas contratações de docentes, via concurso, o grupo foi se consolidando, atingindo em 1995 um total de 10 (dez) docentes comprometidos com o desenvolvimento de suas atividades de pesquisa e de ensino em Matemática Aplicada. | ||
+ | |||
+ | A partir do início de 1994, a UFRGS começou a formar bacharéis em Matemática com ênfase em Matemática Aplicada e Computacional, e estes passaram a encaminhar-se para os cursos de pós-graduação existentes; no Brasil e no exterior. Tornou-se evidente, nesse período, a necessidade de se criar, na Universidade, um programa de pós-graduação que atendesse essa demanda, tanto de alunos como de pesquisadores com novas linhas de pesquisa em Matemática Aplicada. | ||
+ | |||
+ | Todas essas atividades com características e identidades próprias culminaram, em 1995, com a criação e o posterior credenciamento pela CAPES do Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em nível de Mestrado. | ||
+ | |||
+ | Neste período inicial de criação e consolidação, uma das prioridades do Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada foi a de suprir a carência de mestres no mercado acadêmico, de modo a qualificar docentes das demais Instituições de Ensino Superior do Estado e Região Sul. | ||
+ | |||
+ | Uma das estratégias adotadas, para atingir este objetivo, foi a celebração de convênios com Instituições que já tinham, em seu quadro docente, um núcleo de pesquisadores que poderiam colaborar com o desenvolvimento do Mestrado Interinstitucional em questão. Foram feitos convênios com a Universidade de Caxias do Sul, Universidade de | ||
+ | Santa Maria, Universidade de Rio Grande e Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões. | ||
+ | |||
+ | O Instituto hoje oferece, semestralmente, mais de 8000 matrículas em disciplinas de graduação de diversos cursos. Há cinco cursos de graduação sob a responsabilidade direta do Instituto de Matemática. Temos ainda dois cursos de mestrado e dois doutorados. | ||
+ | |||
+ | No momento há uma centena de alunos de pós-graduação. O Instituto já formou mais de 250 mestres e 10 doutores e tem um papel decisivo na formação e aperfeiçoamento de docentes universitários qualificados para as demais instituições de ensino superior na região sul do Brasil. | ||
+ | |||
+ | O Instituto tem oferecido diversos cursos de aperfeiçoamento para professores e alunos do ensino médio, cursos de extensão na área de Estatística, de Linguagem FORTRAN e de tópicos especiais de disciplinas matemáticas. Destacamos: | ||
+ | |||
+ | :1°. O Núcleo de Assessoria Estatística, coordenado pela Profª Jandyra Fachel, criado em 1989, que já prestou mais de 1000 consultorias em Estatística para diversas unidades da UFRGS e de outras universidades brasileiras, bem como a diversos órgãos extra-universidade, como a Fundação Estadual de Proteção Ambiental, INSS, Petrobrás, EMATER, EMBRAPA e diversos hospitais. | ||
+ | |||
+ | :2° O Projeto Pró-Cálculo, coordenado pela Profª. Luísa Doering é uma idéia inovadora. A cada semestre o curso de Pré-Cálculo atendende a mais de 500 estudantes, auxiliando-os a vencer a problemática transição da Matemática de nível médio para o nível superior, aumentando o aproveitamento dos alunos nas disciplinas de Cálculo. | ||
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+ | :São convidados a participar todos os calouros que tenham alguma disciplina de Cálculo na grade curricular de seu curso. O Projeto Pró-Cálculo tem ainda oferecido cursos de extensão de Análise Real, Álgebra Linear e Séries de Fourier aos alunos interessados em aprofundar seus conhecimentos. | ||
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+ | :3° Participação do Instituto de Matemática no convênio UFRGS x Prefeitura de Porto Alegre no projeto "Modelos Inovadores de Uso das Tecnologias Digitais na Rede de Escolas Públicas do Município de Porto Alegre", coordenado pelo Prof. Marcus Vinícius Basso, que envolve 46 alunos do Curso de Matemática da UFRGS e beneficia a todos os estudantes das escolas municipais de Porto Alegre. |
Edição atual tal como às 22h42min de 3 de maio de 2009
- Objetivo
- Listar antigos professores do Instituto de Matemática visando contribuir para acervo histórico.
Índice
Diretores
- Prof. ARY NUNES TIETBOHL, 1959
- Prof. ANTÔNIO RODRIGUES, 1960-1963 [1]
- Prof. MANOEL LUIS DA SILVA NETO[1], 1964-1966
- Prof. ERNESTO BRUNO COSSI, 1967-1969
- Prof. DAVID MESQUITA DA CUNHA, 1970
- Prof. HERBERT GUARINI CALHAU, 1971-1972
- Prof. ERNESTO ALFREDO PREUSSLER, 1973-1976
- Prof. JOSE DE OLIVEIRA FORTUNA[2], 1974
- Prof. JAPIR DO CARMO, 1977-1978
- Prof. CARLOS AUGUSTO CRUSIUS, 1979-1980
- Profª. JANDYRA MARIA GUIMARÃES FACHEL, 1981-1982
- Prof. RUY PINTO DA SILVA SIECZKOWSKI, 1983-1984
- Prof. LUIS SEVERO PANTA, 1985-1988
- Prof. ARON TAITELBAUM , 1989-1992
- Profª. MARIA MEDIANEIRA SIECZKOWSKI, 1993-1996
- Prof. ARON TAITELBAUM, 1997-2000
- Profª. ELSA CRISTINA DE MUNDSTOCK, 2001-2004
- Prof. RUDNEI DIAS DA CUNHA, 2005
Início do Bacharelado
Duração de 3 anos. Após um ano adicional de disciplinas de Didática, obtinha-se o diploma de Licenciado.
Disciplinas:
- Análise: Prof. Ary Nunes Tietböhl
- Geometria e Topologia: Prof. Antônio Rodrigues
- Equações Diferenciais: Prof. Cayoby Vieira de Oliveira (egresso da UFRGS)
- Geometria Projetiva: Prof. Luiz Leseigneur de Faria (Engenharia)
- Mecânica Racional: Prof. Carlos Carvalho Schmidt (Engenharia)
- Física Matemática: Prof. Antônio E. P. Cabral (egresso do curso de Física)
- Física Geral: Prof. João Simões da Cunha (Engenharia)
UM POUCO DA HISTÓRIA DO INSTITUTO DE MATEMÁTICA DA UFRGS
Esta é uma versão wiki do texto [2]
- Prof. Aron Taitelbaum
- Prof. Eduardo Brietzke
ORIGENS
Como o título indica, não faremos aqui um estudo metódico e científico da história do Instituto de Matemática. Abordaremos alguns tópicos escolhidos arbitrariamente.
A Matemática na UFRGS teve três origens principais: a Escola de Engenharia, a Faculdade de Filosofia e o Centro de Pesquisas Físicas.
A Escola de Engenharia
A Escola de Engenharia da UFRGS foi fundada em 11 de agosto de 1896. A Matemática ensinada era influenciada pela doutrina positivista da Escola Militar do Rio de Janeiro. Eram usados os textos “Geometria Algébrica” e “Cálculo Infinitesimal” do Marechal Trompowsky, antigo professor daquela escola. Esses textos usavam a noção de infinitésimos. Mais tarde, o Prof. Tietböhl introduziria a técnica de limites. Em 1936, as disciplinas de Matemática da Escola de Engenharia eram: Cálculo, Geometria Analítica, Geometria Descritiva e Mecânica Racional.
Em 1952, atendendo a solicitações de professores que desejavam uma disciplina matemática mais voltada aos problemas da Engenharia, o Prof. Manoel Luís da Silva Neto criaria a disciplina “Cálculo Numérico, Gráfico e Mecânico”, hoje, Cálculo Numérico, o que foi, na ocasião, uma atitude pioneira no Brasil. Vários assistentes dessa disciplina tornaram- se, posteriormente, docentes do Instituto de Matemática (Oswaldo Paim, Pedro Nowosad, David Martins, Penido Fontoura da Silva, Álvaro Hoffmann, Cláudio Marques).
Faculdade de Filosofia da UFRGS
Em 1943, foi criado o curso de Bacharelado e Licenciatura em Matemática na Faculdade de Filosofia a UFRGS. Em 1934, havia sido fundada a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP). Esta muito se beneficiou com a vinda de cientistas europeus, principalmente italianos, que fugiam dos regimes fascistas, então no poder. Entre eles não podemos deixar de citar Luigi Fantapié, que teve profunda influência na Matemática brasileira. O Prof. Ary Nunes Tietböhl, já então professor da Escola de Engenharia, havia sido enviado para estudar Matemática na USP. Seu retorno, acompanhado do Prof. Antônio Rodrigues, que fora seu colega na USP, para lecionarem no curso de Matemática da Filosofia da UFRGS, fez com que essa influência benéfica se exercesse também aqui.
O curso de Bacharelado tinha a duração de 3 anos e com ele já se podia lecionar na Universidade. Após um ano adicional de disciplinas de Didática, obtinha-se o diploma de Licenciado.
Estudavam-se as seguintes matérias:
- Análise: Prof. Ary Nunes Tietböhl
- Geometria e Topologia: Prof. Antônio Rodrigues
- Equações Diferenciais: Prof. Cayoby Vieira de Oliveira (egresso da UFRGS)
- Geometria Projetiva: Prof. Luiz Leseigneur de Faria (Engenharia)
- Mecânica Racional: Prof. Carlos Carvalho Schmidt (Engenharia)
- Física Matemática: Prof. Antônio E. P. Cabral (egresso do curso de Física)
- Física Geral: Prof. João Simões da Cunha (Engenharia)
A Faculdade de Filosofia da UFRGS fora inspirada na sua homônima da USP e congregava diversos cursos, entre os quais Matemática, Física, Química, História Natural, História, Geografia, Letras, Filosofia, Jornalismo, Ciências Sociais e Arte Dramática. Era uma mini universidade.
Centro de Pesquisas Físicas
Em 1951, sendo presidente Getúlio Vargas, foi criado o CNPq (Conselho Nacional de Pesquisas) pelo Almirante Álvaro Alberto, de acordo com a idéia de que um país soberano e independente deveria estimular o surgimento de cérebros e de idéias inovadoras.
O CNPq constituiu dois órgãos, ambos no Rio de Janeiro: o IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), cuja influência em nosso Instituto será comentada mais adiante, e o CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas). O CBPF havia sido fundado em 1949 e o IMPA nasceu dentro do CBPF.
Um dos primeiros diplomados do curso de Física da Faculdade de Filosofia da UFRGS, Antônio Estevam Pinheiro Cabral, foi estagiar no CBPF, onde teve a oportunidade de trabalhar com o famoso físico brasileiro César Lattes, um dos descobridores do méson pi. Ao retornar à UFRGS, entusiasmado, teve a idéia de criar uma entidade que funcionasse nos mesmos moldes que o CBPF. Em 13 de setembro de 1953, foi fundado o Centro de Pesquisas Físicas (CPF) da UFRGS. Dentre suas divisões, havia uma divisão de Matemática. A divisão de Matemática do Centro de Pesquisas Físicas da UFRGS foi um local onde vários jovens egressos do curso de Matemática e alguns da Engenharia, que haviam sido convidados para lecionar na Universidade, tiveram a oportunidade de se dedicar ao estudo de tópicos novos, tais como, por exemplo: Álgebra Abstrata, Topologia dos Espaços Métricos, Topologia Geral, Álgebra Linear, Análise Funcional, Espaços Vetoriais Topológicos, Teoria da Medida e da Integração, Teoria das Probabilidades e Estatística Matemática. O estudante de final de Bacharelado e de pós-graduação de hoje reconheceria nesta lista tópicos que normalmente fazem parte dos currículos atuais, mas é importante que se diga que na época esses tópicos eram desconhecidos entre nós. Desta forma, foi forjada uma geração de professores, responsáveis por introduzir em nosso meio o estudo dessas disciplinas.
Vale mencionar também que em novembro de 1952 foi realizada em Porto Alegre a reunião anual da SBPC, à qual compareceram alguns dos maiores matemáticos brasileiros da época, como, por exemplo, Leopoldo Nachbin (do IMPA), Chaim Samuel Hönig (da USP), Maurício Peixoto (do IMPA), Cândido Dias (da USP) e Charles Ehresman (França).
Aqueles que na época eram estudantes são unânimes em afirmar que esta foi uma ocasião especial, que serviu para abrir e alargar os horizontes matemáticos.
Fizeram parte do Centro de Pesquisas Físicas alguns nomes que, mais tarde, seriam docentes do Instituto de Matemática: Ernesto Bruno Cossi, Francisca Torres, Maria Isaura de Mattos Paim, Martha Blauth Menezes e Matilde Groisman Gus.
PRIMEIRA FASE DO INSTITUTO DE MATEMÁTICA
O Instituto de Matemática da Universidade do Rio Grande do Sul foi criado em 9 de março de 1959, mediante convênio entre o Ministério da Educação e Cultura e a Universidade do Rio Grande do Sul, através da COSUPI (Comissão Supervisora do Plano dos Institutos) órgão que surgiu para executar a meta n° 30 da Presidência da República, sob o tema "Educação para o Desenvolvimento". O Instituto de Matemática foi criado com a finalidade de dedicar-se à pesquisa em Matemática.
Abaixo transcrevemos a portaria de criação.
Portaria n° 116 de 9 de março de 1959
O Reitor da Universidade do Rio Grande do Sul no uso das atribuições que lhe confere o Estatuto, tendo em vista o que consta do processo n° 3359/57, da Reitoria, "ad referendum" do Conselho Universitário,
- RESOLVE
- Art 1° - Fica criado o Instituto de Matemática, órgão de natureza científica, autônomo, diretamente subordinado à Reitoria da Universidade do Rio Grande do Sul.
- Art 2° - O Instituto de Matemática reger-se-á pelo Estatuto da Universidade e pelo Regimento que com este baixa.
- Art 3° - Revogam-se as disposições em contrário.
- Ass: Elyseu Paglioli
- Reitor
O Instituto de Matemática da UFRGS foi criado no espírito desenvolvimentista do Governo Juscelino no final da década de 50.
Constitui-se, no Ministério da Educação, a Comissão Supervisora do Plano dos Institutos (COSUPI) com a finalidade de criar instituições dedicadas à pesquisa científica e tecnológica, nos moldes dos já existentes CBPF e IMPA no Rio.
Em nossa Universidade, surgiram os Institutos de Matemática e Física. Foi seu primeiro diretor o saudoso Prof. Ary Nunes Tietböhl, e era formado por três divisões: Matemática Pura, chefiada pelo Prof. Antônio Rodrigues, Matemática Aplicada, chefiada pelo Prof. Cayoby Vieira de Oliveira e Ensino, chefiada pelo Prof. Ernesto Bruno Cossi. Sua primeira sede foi num apartamento na esquina da Av. André da Rocha com a Av. João Pessoa, mas, ainda em 1959, instalou-se em um sobrado, localizado na Av. Venâncio Aires, nº 127, onde permaneceu até 1965.
Em 1966, o então diretor, Prof. Manoel Luiz da Silva Neto, trouxe o Instituto para o campus central, no 3º andar do Instituto Parobé, na Av. Sarmento Leite, 425, situando-se ao lado do Departamento de Matemática da Faculdade de Filosofia, onde funcionavam os cursos de Licenciatura e Bacharelado em Matemática. De 1959 a 1970, o Instituto dedicou-se exclusivamente às atividades ligadas à pesquisa e à formação de pesquisadores. O ensino de graduação era atividade dos departamentos (ou setores) de Matemática das diversas escolas e faculdades (Filosofia, Engenharia, Ciências Econômicas, Arquitetura, Agronomia e Veterinária) e funcionavam de forma totalmente independente.
Após um período inicial de intensa atividade, no qual diversos cursos foram ministrados por professores locais e estrangeiros, houve um arrefecimento, devido a diversas razões, uma das quais a total falta de apoio financeiro por parte do regime implantado em 1964, então em sua fase recessiva.
Durante esse período inicial, alguns membros do Instituto foram enviados a instituições do país e do exterior para cursos de mestrado e doutorado, entre eles Pedro Nowosad, Sílvio Machado, João Bosco Prolla, Roberto Ribeiro Baldino e José Francisco Porto da Silveira.
Vieram professores de fora que deram cursos e conferências. O professor Élon Lages Lima (IMPA) ministrou, em 1960, um curso sobre variedades diferenciáveis, que resultou num livro, publicado pelo Instituto. O Prof. Mitio Nagumo, da Universidade de Osaka, Japão, desenvolveu um curso de Análise Funcional, que foi publicado pelo Instituto, em dois volumes, sob o título “Introdução à Teoria dos Espaços de Banach. Durante sua permanência, Mitio Nagumo orientou o Prof. Ernesto Bruno Cossi, em um trabalho de pesquisa que resultou na publicação de dois artigos na Revista da Academia Brasileira de Ciências: “ A Note on Closed Linear Operators” e “A New Norm on Banach Spaces”. São, provavelmente, as primeiras publicações de pesquisa de um docente do Instituto. Foi, também, durante esse período, que o Prof. Rodrigues, quando diretor do Instituto, efetuou a aquisição de uma considerável quantidade de livros, que tornaram a Biblioteca do nosso Instituto de Matemática uma das melhores do País.
Em 1969 a conjugação do assim chamado “milagre econômico brasileiro” com o problema dos alunos excedentes levou ao aumento do número de vagas nas universidades públicas. Nessa ocasião, verbas adicionais permitiram que o Instituto (cujo diretor era o Prof. Ernesto Bruno Cossi), num trabalho conjunto com o Departamento de Matemática da Faculdade de Filosofia (cujo chefe era o Prof. Cayoby Vieira de Oliveira), arregimentasse um grupo de estudantes do Curso de Matemática com bolsas de monitoria e iniciação científica, para que se dedicassem integralmente ao estudo, propiciando também o espaço físico para essas atividades. À medida que concluíam o curso, esses alunos saíram em 1971, 72 e 73 para fazerem pós-graduação, a maioria do IMPA Esse processo de arregimentação foi comandado e inspirado pelo Prof. Roberto Baldino, que concluíra seu mestrado no IMPA, passara um período na Universidade de Stanford e retornara à UFRGS no final de 1967, permanecendo aqui por 2 anos, durante os quais, orientou vários alunos do Bacharelado. Em 1969, o Prof. Baldino ministrou a disciplina de Álgebra I para os calouros, conseguindo com seu entusiasmo e dedicação, atraí-los para a iniciação científica em Matemática. Nessa época as aulas do Curso de Matemática funcionavam quase que exclusivamente pela manhã. À tarde as salas ficavam vazias.
Com as bolsas de iniciação científica e de monitoria, passou a haver intensa atividade também à tarde. Os alunos criaram o hábito de permanecer o dia todo nas dependências do Instituto, dedicando-se ao estudo, recebendo todo apoio em termos de infraestrutura do Instituto de Matemática e do Departamento de Matemática da Faculdade de Filosofia.
Também por influência do Prof. Baldino, esse grupo de alunos passou a freqüentar os cursos de verão no IMPA. Esses hábitos adquiridos pelos alunos foram sendo transmitidos às gerações seguintes. Quando o Prof. Baldino foi concluir seu doutorado no Rio de Janeiro em 1970, o trabalho prosseguiu sob a orientação das professoras Maria Isaura Paim, Matilde Groisman Gus e Carmen Sílvia Fagundes. Esse grupo forneceu a massa crítica para o desenvolvimento posterior e dele saíram vários docentes do Instituto.
Um momento importante em que a UFRGS e, em especial, o Instituto de Matemática exerceram um importante papel foi quando da criação do Curso de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina. Dentre os professores fundadores do Curso o Instituto de Matemática contribuiu com os Professores Antônio Rodrigues e Ary Nunes Tietböhl, bem como com o primeiro diretor, o Prof. Ernesto Bruno Cossi.
SEGUNDA FASE
Em outubro de 1970, o Instituto sofre uma profunda modificação.
Como resultado da reforma universitária de 1968, é criado pela portaria n° 896 da Reitoria da Universidade o novo Instituto de Matemática, com novas atribuições e características, constituído de dois departamentos: o de Matemática Pura e Aplicada e o de Estatística. Anteriormente havia professores de Matemática e Estatística espalhados pelas várias escolas e faculdades. Com a reforma, os professores dos departamentos de Matemática das diversas escolas e faculdades passam para os quadros do Instituto de Matemática. O ensino das disciplinas de Matemática e Estatística de toda a Universidade passa a ser atribuição do Instituto de Matemática. A reforma promoveu a passagem de uma universidade estruturada como uma “confederação” de escolas e faculdades para uma universidade estruturada a partir de departamentos.
Conforme relata o Prof. Carlos Augusto Crusius, o Departamento de Estatística, assim, não foi criado a partir de um núcleo de ensino e/ou pesquisa do qual se pudesse considerar “sucessor”. Isso explica certos aspectos curiosos que cercaram suas reuniões iniciais, em que os docentes necessitaram apresentar-se uns aos outros já que, em grande parte, ainda não se conheciam pessoalmente.
Numa primeira reunião estiveram representados os três grupos de docentes que atuavam em disciplinas com conteúdos de Estatística e que seriam lotados no novo departamento: o grupo da Medicina, o da Agronomia e o da Economia e Sociologia. O primeiro foi representado pelo Prof. Edgar Mário Wagner que lecionava conteúdos de Estatística em disciplinas da área médica; o segundo, representado pelo Prof. Rubem Markus, professor de Estatística para os cursos de Agronomia e Veterinária. Já o terceiro grupo, bem mais numeroso, era de docentes que lecionavam Estatística na antiga Faculdade de Ciências Econômicas (que abrigava os cursos de Ciências Econômicas, Contábeis, Administração e Ciências Atuariais) e nos cursos de Sociologia do antigo Instituto de Filosofia, do qual faziam parte os Professores Herbert Guarini Calháu (que seria diretor do Instituto de Matemática); José Carlos Grijó (que seria o primeiro chefe do Departamento de Estatística); Sergio Mariani; Nelson Emilio Michel, Gustavo Rossi Sola e Carlos Augusto Crusius.
A natureza singular do processo de formação do Departamento de Estatística iria, é claro, moldar a sua natureza inicial como a de um departamento voltado fundamentalmente à Estatística Aplicada, cujos docentes possuíam formação amplamente multidisciplinar. De fato, da formação original apenas dois docentes (os professores Calháu e Grijó) possuíam bacharelado específico em Ciências Estatísticas, sendo os demais graduados em outras áreas, todos com forte treinamento (em grande parte dos casos, com pós-graduação strictu sensu) em métodos quantitativos. Não é de surpreender, portanto, que disciplinas altamente especializadas para determinadas carreiras: como é o caso de Econometria e Modelos Econométricos, para o curso de Ciências Econômicas – terem sido localizadas no Departamento. Como não surpreende, igualmente, a importante colaboração que o Departamento pôde prestar, desde seu início, à pesquisa e ao ensino de pós-graduação na UFRGS.
A característica de um departamento que privilegiava, pela sua composição docente, a multidisciplinariedade na aplicação dos métodos estatísticos, fez com que aumentasse rapidamente a demanda por disciplinas de estatística aplicada nos mais diversos cursos, o que levou a que os docentes do Departamento, pelo menos nos primeiros anos, trabalhassem com sobrecarga didática por vezes impressionante. Tal situação, felizmente, modificou-se no decorrer do tempo com a incorporação de novos docentes, muitos deles oriundos do nosso Bacharelado em Estatística, que foi criado em 1978. Enfatizando não só o crescimento numérico mas - e principalmente - a qualificação de seus docentes, o Departamento de Estatística não tardaria a chegar, enfim, à sua maturidade acadêmica.
A reforma, a partir de 1971 confrontou o Instituto de Matemática com uma situação traumática. Uma tarefa extremamente difícil recaiu sobre os ombros do Prof. Ernesto Preussler, então diretor do Instituto de Matemática e do Prof. Manoel Luiz da Silva Neto, chefe do Departamento de Matemática Pura e Aplicada. Professores com as mais diversas origens passam a conviver dentro de um mesmo departamento. Com a excessão de uns poucos que preferiram permanecer em suas escolas e faculdades de origem, o Instituto de Matemática recebeu todos os professores que lecionavam disciplinas de Matemática ou Estatística na Faculdade de Filosofia, Escola de Engenharia, Faculdade de Ciências Econômicas, Faculdade de Arquitetura, Escola de Agronomia e Veterinária, Escola de Geologia e Faculdade de Farmácia. De uma hora para a outra o Departamento de Matemática Pura e Aplicada passa a atender a mais de 5000 alunos.
Essa carga didática absorve totalmente os docentes do Departamento.
De 1970 a 1976 o Instituto dedica-se, quase que exclusivamente, ao ensino de graduação. A partir de 1976, aqueles monitores e bolsistas arregimentados em 1969, começam a retornar, após concluírem seus mestrados e doutorados. Aproximadamente 20 docentes do atual Instituto são originários desse grupo. Com a contratação adicional de mais pesquisadores, as atividades relacionadas com a pesquisa ressurgem, e em 1978 é criado o curso de Mestrado em Matemática.
Ainda em 1978 surge o Bacharelado em Estatística. Essa expansão de atividades faz com que o 3º andar do Parobé se torne acanhado para abrigar o Instituto.
Em 1985, sendo diretor o Prof. Luiz Severo Panta, o Instituto se transfere para sua atual sede no Campus do Vale. Em 1990 é criado o Bacharelado em Matemática Aplicada e Computacional, como resultado do surgimento de um grupo de pesquisadores nessa área, cujo desenvolvimento leva ao surgimento, em 1994, do Mestrado em Matemática Aplicada. A partir da iniciativa pioneira dos professores Antônio Ribeiro Jr. e Joana de Oliveira Bender, nos anos 60, forma-se, também, um grupo de docentes preocupados com as questões do ensino da Matemática que, ao longo dos anos, iria revitalizar o Curso de Licenciatura e aproximar o Instituto do ensino médio. Em 1995 cria-se a opção do curso noturno de Licenciatura em Matemática, atendendo a uma antiga aspiração dos estudantes. Recentemente o desenvolvimento deste grupo, contando com a colaboração de docentes das área de Matemática Pura e Aplicada, conduziu à elaboração do Projeto de Mestrado Profissionalizante em Ensino de Matemática.
O desenvolvimento da pesquisa em Matemática leva à criação do Doutorado em Matemática em 1995.
O Programa de Pós-graduação em Matemática da UFRGS foi criado em 1978 por um grupo de quatro professores: Miguel Angel Ferrero, Marcos Arturo Sebastiani Artecona, Luiz Severo Panta e Artur Oscar Lopes. Estes pesquisadores cobriam respectivamente as áreas de Álgebra, Singularidades de Aplicações, Física Matemática e Sistemas Dinâmicos.
Na fase inicial do programa foi fundamental o apoio dado pelo Prof. Gerhard Jacob, titular da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. Foi também importante o apoio oferecido pelo DMPA, na época chefiado pelo Prof. Clóvis Vilanova, quando foi pela primeira vez estabelecida de maneira regular a redução de carga docente para atividades de pesquisa.
O número de docentes do programa aumentou rapidamente com a absorção principalmente de doutores oriundos do IMPA, mas também de alguns formados no exterior.
O programa inicialmente concedia apenas o grau de mestre em Matemática, tendo o Doutorado em Matemática sido criado em 1995.
Um grande número dos atuais docentes no Programa de Pós-graduação em Matemática, do Programa de Pós-graduação em Matemática Aplicada e do Departamento de Matemática Pura e Aplicada da UFRGS foram estudantes deste programa. Muitos dos ex-alunos do programa fizeram posteriormente doutorado em outras instituições do País e exterior. O programa foi de fundamental importância para a formação de recursos humanos em Matemática e Matemática Aplicada em nossa Universidade.
Muitos dos mestres formados neste estágio inicial do programa foram contratados por diversas instituições de Ensino Superior no nosso estado. Em geral, em função de sua competência, estes professores são figuras de destaque em suas atividades universitárias e têm colaborado de maneira fundamental para o aperfeiçoamento do ensino da Matemática em todos os níveis no Rio Grande do Sul. Muitos destes docentes participam do ensino dos cursos de licenciatura em Matemática de suas respectivas.
Em 1985 o programa se transferiu, junto com o próprio instituto, para o Campus do Vale, onde finalmente pode se obter condições adequadas de espaço físico para as diversas atividades de docência e pesquisa. A biblioteca adquiriu um espaço adequado ao volume de livros e periódicos do seu acervo, os docentes tiveram salas de trabalho compatíveis com as suas atividades, as salas de aulas eram mais bem projetadas para as atividades docentes do que as do prédio anterior.
As atividades de pesquisa no programa ao longo dos anos foram crescendo e se diversificando. Em 1995 o programa foi desmembrado, tendo sido criado o Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada desta Universidade. Já em 1990 havia sido criada a ênfase em Matemática Aplicada e Computacional, no curso de Bacharelado em Matemática, uma iniciativa dos professores Júlio Ruiz Claeyssen, Mark Thompson, José Francisco Porto da Silveira e Oclide José Dotto.
Foram precursores do Programa de Matemática Aplicada os Professores Júlio César Ruiz Claeyssen e Mark Thompson, quando ainda inseridos entre os orientadores do Programa de Pós-Graduação em Matemática.
Vários estudantes desse programa ou mantiveram vínculo com o grupo de Matemática Aplicada, durante período de treinamento de doutorado, ou retornaram ao convívio com o grupo, depois de passar períodos como docentes em outras instituições acadêmicas. Com a efetivação de várias novas contratações de docentes, via concurso, o grupo foi se consolidando, atingindo em 1995 um total de 10 (dez) docentes comprometidos com o desenvolvimento de suas atividades de pesquisa e de ensino em Matemática Aplicada.
A partir do início de 1994, a UFRGS começou a formar bacharéis em Matemática com ênfase em Matemática Aplicada e Computacional, e estes passaram a encaminhar-se para os cursos de pós-graduação existentes; no Brasil e no exterior. Tornou-se evidente, nesse período, a necessidade de se criar, na Universidade, um programa de pós-graduação que atendesse essa demanda, tanto de alunos como de pesquisadores com novas linhas de pesquisa em Matemática Aplicada.
Todas essas atividades com características e identidades próprias culminaram, em 1995, com a criação e o posterior credenciamento pela CAPES do Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em nível de Mestrado.
Neste período inicial de criação e consolidação, uma das prioridades do Programa de Pós-Graduação em Matemática Aplicada foi a de suprir a carência de mestres no mercado acadêmico, de modo a qualificar docentes das demais Instituições de Ensino Superior do Estado e Região Sul.
Uma das estratégias adotadas, para atingir este objetivo, foi a celebração de convênios com Instituições que já tinham, em seu quadro docente, um núcleo de pesquisadores que poderiam colaborar com o desenvolvimento do Mestrado Interinstitucional em questão. Foram feitos convênios com a Universidade de Caxias do Sul, Universidade de Santa Maria, Universidade de Rio Grande e Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões.
O Instituto hoje oferece, semestralmente, mais de 8000 matrículas em disciplinas de graduação de diversos cursos. Há cinco cursos de graduação sob a responsabilidade direta do Instituto de Matemática. Temos ainda dois cursos de mestrado e dois doutorados.
No momento há uma centena de alunos de pós-graduação. O Instituto já formou mais de 250 mestres e 10 doutores e tem um papel decisivo na formação e aperfeiçoamento de docentes universitários qualificados para as demais instituições de ensino superior na região sul do Brasil.
O Instituto tem oferecido diversos cursos de aperfeiçoamento para professores e alunos do ensino médio, cursos de extensão na área de Estatística, de Linguagem FORTRAN e de tópicos especiais de disciplinas matemáticas. Destacamos:
- 1°. O Núcleo de Assessoria Estatística, coordenado pela Profª Jandyra Fachel, criado em 1989, que já prestou mais de 1000 consultorias em Estatística para diversas unidades da UFRGS e de outras universidades brasileiras, bem como a diversos órgãos extra-universidade, como a Fundação Estadual de Proteção Ambiental, INSS, Petrobrás, EMATER, EMBRAPA e diversos hospitais.
- 2° O Projeto Pró-Cálculo, coordenado pela Profª. Luísa Doering é uma idéia inovadora. A cada semestre o curso de Pré-Cálculo atendende a mais de 500 estudantes, auxiliando-os a vencer a problemática transição da Matemática de nível médio para o nível superior, aumentando o aproveitamento dos alunos nas disciplinas de Cálculo.
- São convidados a participar todos os calouros que tenham alguma disciplina de Cálculo na grade curricular de seu curso. O Projeto Pró-Cálculo tem ainda oferecido cursos de extensão de Análise Real, Álgebra Linear e Séries de Fourier aos alunos interessados em aprofundar seus conhecimentos.
- 3° Participação do Instituto de Matemática no convênio UFRGS x Prefeitura de Porto Alegre no projeto "Modelos Inovadores de Uso das Tecnologias Digitais na Rede de Escolas Públicas do Município de Porto Alegre", coordenado pelo Prof. Marcus Vinícius Basso, que envolve 46 alunos do Curso de Matemática da UFRGS e beneficia a todos os estudantes das escolas municipais de Porto Alegre.